quinta-feira, 22 de abril de 2010

510 anos sem direção

Gosto de ouvir os debates sobre as eleições. Gosto mesmo, mas de ouvir não de me envolver, acho que não vale a pena estressar por isso. Hoje justamente na hora do almoço, quando rolava um papo pra lá de animado sobre a transferência de jogadores para os clubes europeus, pronto, alguém disse: rapaz, o fulano de tal vai fazer campanha para o candidato “X”, uma coisa vai puxando a outra e lá foram eles falar de política bem na hora da refeição, isso pode causar congestão.

Brincadeiras a parte, o debate foi a respeito das benfeitorias individuais que nossos queridos políticos costumeiramente, se é que existe essa palavra, utilizam para agradar seus fieis eleitores. A velha e boa pratica do “toma lá dá cá”, que há exatos 510 anos reina na terra descoberta e assaltada pelo sr. Cabral, e alimenta os mais profundos anseios de uma gente que ainda não entendeu o real valor que um homem público pode ter. O debate seguiu com algumas boas colocações dos favoráveis uma renovação na presidência da republica, seguindo com os defensores da atual gestão. “Acusações” pra lá e pra cá, a verdade é que muita coisa ainda tem que mudar neste nosso Brasil, mas muita coisa mesmo. A começar pelas atitudes daqueles que são os responsáveis em conduzir uma nação do tamanho do nosso país e parece que simplesmente brincam de fazer política.

A grande verdade é que dá pra contar nos dedos de uma só mão os verdadeiros interessados em fazer o que seu cargo exige, seja ele vereador, prefeito, senador, deputado até o mais alto posto, o de presidente. Colocar um terno e sentar em uma mesa bonita de frente para um computador é muito fácil, mas colocar a mão na massa e fazer a coisa funcionar é totalmente diferente. O cidadão da noite pro dia é eleito e não sabe exatamente o que deve fazer, não tem a menor idéia, por que não existe curso preparatório para ser político, e se tivesse deveria ter uma matéria de bons modos com o dinheiro do povo. Não acredito de maneira nenhuma que as próximas eleições trarão um político que mudará completamente as falcatruas que acontecem hoje. Ninguém espera uma coisa dessas, por que a cultura do cidadão é totalmente ao contrario, ele quer mesmo é ganhar alguma vantagem, que me perdoem os pouquíssimos bons políticos desse país.

Voltando ao debate e pegando mais alguns dos pensamentos, foi questionado sobre a capacidade de um dos candidatos de um partido que já governou o Brasil por 8 anos. O camarada é estudado, tem boa formação, já administra uma grande cidade e isso já é um bom começo, mas por se tratar de um partido que vai totalmente à contramão do que está sendo feito atualmente, o candidato parece que vai pagar pelo que seu antecessor partidário fez, ou não fez, depende do foco. O mesmo vai acontecer com a candidata da situação, que tem currículo de boa formação e já participa à frente de ministérios, é a outra opção com força pra enfrentar a disputa. Também vai pagar por ser de um partido que lutava por certos descaminhos nos governos anteriores, e que agora, no poder, fez igual ou até pior que os demais.

O certo é que o almoço terminou e durante a caminhada de volta as escritórios novas “conspirações” dos dois lados surgiram, sumiram e novamente surgiram e no final, tudo acabou em piada. Piada mesmo, mas no fundo sabemos que não tem muita graça, as eleições estão chegando e mais uma vez a esperança que a situação melhore aflora. Mas tem que ser uma melhora significativa, e somos os grandes culpados por isso não acontecer, afinal que elege o político não são os cães nem os gatos das nossas casas, sou eu e você. Mas apenas vamos lá cumprir uma obrigação e nada mais. Depois apenas reclamamos, reclamamos e reclamamos.

Sempre digo que se fizéssemos como os estudantes caras-pintadas, e fossemos para as ruas protestar firme contra toda essa corrupção, o Brasil seria de outro jeito. Se fossemos aos plenários protestar contar os projetos sem pé nem cabeça, com certeza haveria mais respeito dos políticos na hora de elaborar seus projetos. Mas não, preferimos o conforto de nossos lares, e o debate entre amigos na hora do almoço que é mais cômodo pra todo mundo, e enquanto isso em Brasília, 19 horas...

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