segunda-feira, 12 de abril de 2010

De menor aprendiz à... só depende de você

O ano era 1990. Exatamente naquele ano iniciei, o que considero, a fase mais importante da minha vida. Começava ali minha carreira profissional. Eu era apenas um garoto de 13 anos que não tinha muita expectativa e cursava o primeiro grau e olhava aquilo apenas como uma coisa chata na vida.

Eram tempos difíceis, pois a família já estava um pouco desestruturada e a qualquer momento parecia que ia se despedaçar. Não demorou mesmo. Mas em abril daquele ano fui indicado por uma tia a me inscrever no programa de desenvolvimento direcionado a garotos e garotas menores de idade, encabeçado pela prefeitura e com o apoio de grandes empresas. O que parecia ser apenas uma inscrição meio que descrente no resultado, tornou-se uma das melhores oportunidades que já tive até hoje.

Passados alguns dias da inscrição, as assistentes sociais estiveram na casa dos meus pais e informaram que eu fora escolhido para fazer parte do grupo de menores que iniciaria a vida profissional, agora de forma oficial, nas semanas seguintes. Foi uma diversão só. Idas e vindas a Vitória, coisa rara pra mim naquela época, exames que jamais ouvira falar, pessoas estranhas e procedimentos que não entravam direito na minha cabeça.

E foi exatamente em abril, não lembro exatamente o dia, que me apresentei, acompanhado da minha mãe, ao meu emprego. Era uma escola bancada por uma empresa de grande porte e a partir daquele dia eu seria um dos responsáveis do setor de reprografia. Eu jamais havia visto uma maquina copiadora na minha vida, foi estranho, como aquilo acontecia dentro da máquina? Eu me perguntava. Mas aos poucos fui descobrindo, afinal estava ali para aprender coisas novas e importantes. Eu era muito pequeno, muito mesmo, abaixo da média de altura dos outros menores que entraram na mesma época. Isso me incomodava, mais tarde lá pelos 17 anos comecei a crescer de verdade.

Os anos foram passando e ao final de 1994, ano em que completei 18 anos, havia uma nova pessoa sendo entregue ao mercado de trabalho, com uma cabeça totalmente diferente em relação às coisas que eram apresentadas pelo mundo. Foi uma oportunidade e tanto. Realmente enxergava as coisas de um angulo diferente. Dizem, e hoje concordo plenamente, que se você trabalha e convive com pessoas sábias, você buscará ser uma pessoa sábia também. O período de aprendizagem foi primordial para isso, ver como as pessoas se tratavam, como havia muito respeito com tudo que acontecia e como eu deveria me comportar também, já que as avaliações eram constantes, e o comportamento era item de grande peso.

Depois desse período aprendi a tomar decisões mais comedidas, a proporcionar possibilidades mais transparentes às pessoas. Aprendi como se deve agir em momentos de grandes dificuldades, aprendi a respeitar o choro das pessoas e os momentos de fraqueza. E tudo isso com uma boa oportunidade.

Hoje o programa continua nas empresas, um pouco mudado, pois os “meninos” recebem um a preparação que na época não tivemos, mas o conceito é o mesmo. Falo pra eles, e inclusive conto como era na minha época. Às vezes parece que não acreditam muito, mas sempre ficam impressionados, afinal, lá se foram 20 anos que iniciei. Torço para que os meninos aproveitem ao máximo a oportunidade e escolham o caminho do conhecimento, da sabedoria, do estudo e isso é importante demais.

Passados 20 anos, consegui com muitas dificuldades um curso superior, agora estou concluindo a especialização e quem sabe outros cursos pela frente. Hoje aquele “bom menino” agradece a oportunidade com que lhe foi oferecida, com muito trabalho e muita dedicação. Sabendo que depende de cada um ter o empenho necessário para alcançar os objetivos almejados, e lembrando sempre, a ajudinha foi sempre bem vinda.

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